quarta-feira, 29 de junho de 2011

MEIO DE COMUNICAÇÃO: TELEMÓVEL

 
            O aparecimento do telefone móvel, usualmente denominado por telemóvel, teve na altura da sua aparição um enorme impacto, tanto social como no que diz respeito à utilidade, porque supostamente permitiria uma melhor gestão do tempo e consequente rentabilidade profissional assim como um determinado estatuto social.
            Passados quase dezoito anos este aparelho tornou-se parte integrante do nosso quotidiano a ponto de a sua falta originar, em muitos casos, situações dramáticas e até uma dependência da sua utilização, como se a pessoa de repente ficasse “nua”.
            Esta situação deve-se à exigência das sociedades nas quais estamos inseridos. A competitividade entre as pessoas e empresas que obriga-nos a esta dependência quase doentia.
            Chegar tarde a uma reunião, faltar a um compromisso profissional pode ter consequências graves a vários níveis se o “infractor” não tiver à mão um telemóvel para justificar o atraso ou ausência. Serve também para testar a idoneidade das pessoas, pois já tive situações em que alguém que está a visualizar-me liga para o meu telemóvel a perguntar onde me encontro apenas com o intuito de se certificar que eu estava a falar verdade.
            Recordo que há uns anos a rede móvel à qual estou fidelizado esteve inoperativa algumas horas. Durante esse período fiquei incomunicável. Quando a situação da rede normalizou fui de seguida contactado por uma entidade que durante a inoperância da rede se viu impossibilitada me de contactar. Após a minha justificação foi-me dito que um empresário como eu não pode depender apenas de um único operador. Como se pode constatar, estar sempre comunicável é uma exigência e até uma obrigação. Devo estar sempre contactável sob risco de sofrer penalizações de várias ordens, neste caso profissionais.
            Estes episódios fazem-me concluir que o uso deste aparelho, para além da sua indiscutível utilidade, tem a “capacidade” de formatar as mentes dos humanos.
            Um caso que acho bastante pertinente evocar, que é o da minha mãe, que com oitenta e três anos e sem exercer qualquer actividade profissional, não prescinde dos dois telemóveis e da assinatura da rede fixa que possui, usando-os com bastante frequência. Ela viveu anos num país onde o telefone (fixo) mais próximo ficava a uma boas dezenas de quilómetros, mas hoje não dispensa o uso do telemóvel. Acho impressionante esta mutação numa pessoa com a idade dela que viveu mais de metade da sua vida sem telefone.
            Na minha vida profissional este equipamento tem três faces distintas, uma pela importância que tem no contacto com os clientes e na resolução de avarias à distância, pois sem ele não seria possível comunicar com um terceiro, na presença do equipamento em causa, a efectuar uma série de procedimentos que conduzem à resolução do problema. Sem o telemóvel teria que deslocar-me umas centenas de quilómetros para as resolver com os custos de transporte e tempo.
            A segunda face, constitui um elemento desestabilizador a nível emocional. No meu caso pessoal, tenho uma relação muito conflituosa e paradoxal com o telemóvel, porque é na proximidade do final da jornada laboral que sou mais solicitado por uma determinada faixa de clientes, o que coincide com a minha hora de vir para a escola. Ora esta sobreposição de interesses torna-se num dilema sufocante diariamente, só porque vivemos na era do telemóvel.
            Antes de existir o telemóvel as pessoas limitavam-se a contactar com as outras em horário laboral e durante séculos as coisas funcionaram assim e bem.
            A última face é benéfica, pois já recebi chamadas (em modo de silêncio) através das quais concretizei negócios importantes durante cerimónias fúnebres e casamentos, o que seria impensável sem o telemóvel.
            Estes aparelhos têm, no entanto, inúmeras vantagens, nomeadamente o da segurança generalizada. Por exemplo, um indivíduo que fique preso num elevador ou com o automóvel avariado num local isolado, terá muito menos dificuldade em ultrapassar a situação se possuir um telemóvel para poder comunicar com quem o possa auxiliar.
            Muito recentemente, o caso dos mineiros chilenos, o que seria deles se não tivessem podido contactar com o exterior?
            Em resumo, esta inovadora tecnologia de comunicação, foi uma boa invenção, cabe a cada um de nós utilizá-la de uma forma racional, e não de um modo totalmente dependente ou obrigatório como acontece com maioria das pessoas. Basta pensar que é a terceira maior causa dos acidentes de viação, alguns deles fatais.
            É de extrema utilidade para as forças de segurança, pois permite detectar, através de escutas, situações ilícitas e localizar suspeitos de crimes.
            Outra característica dos telemóveis é a possibilidade de comunicação através de mensagem escrita. Uma mensagem gravada pode também servir de prova judicial.
            É ainda um meio muito utilizado por pessoas idosas em situações de emergência, através de linhas de apoio sociais.

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